Friday, January 15, 2010

Alucinação tem poder!

Não posso dizer que minha vida tenha sido difícil até agora, porque sempre tive ajuda e suporte de pessoas que nunca tiveram obrigação de me ajudar.
Por mais que eu tenha que pagar por cada centavo que consumo. Por mais que eu tenha sido privada de algumas oportunidades que hoje fariam muita diferença.
Há privações de verdade.
Caracterizar minhas limitações como privações, seria um ultraje, uma falta de consiência e vergonha na cara.
É preciso olhar mais além, pra fora desse cercadinho que a gente constrói pra poder se lamentar do que não teve, do que queria e não pode ter.
Bando de burguesinhos mimados, é o que somos.

O fato é que pela primeira vez em minha vida, tenho um trabalho que me possibilita realizar sonhos.
Claro que, no meu caso, as coisas não podem ser tão floridas e bonitinhas. Tem que ter dor, sangue, tem que ter lágrimas. Tem que doer mesmo.
E doeu.
2009 doeu mais do que qualquer outro ano em toda minha existenciazinha de garota que tenta estudar e trabalhar e ser bem sucedida e mostrar pra todos que paga suas contas e "ninguém lava minhas calcinhas". Humpf!
E isso eu consegui. Faz tempo.
Agora vivo aquela fase de perguntas sem resposta do tipo: "O que é mesmo ser bem sucedida?"

hein? Alguém sabe?

Bem sucedido é aquele que devota sua vida pela liberdade?



ou aquele que dedica a vida pela vida dos outros?



sua vida pela ciência?



por sua imagem?



ou por seu espelho?



Pois bem... esse assunto muito me atrapalha e confunde, porque ainda não descobri, nos meus 31 anos, onde está a chave-mestre de dedicação da minha vida.

O que posso dizer é que batalho por minha liberdade dia a dia, tento me tornar uma pessoa melhor para o mundo e deixar lembranças boas naqueles que me conhecem.

E tenho meus sonhos, minhas fantasias. Já pensei em virar hippie e morar em São Thomé, já pensei em ser professora de inglês, de história, fazer ciências sociais, tirar o proficiency, trabalhar com marketing digital, ser uma super businesswoman, ser escritora, ser mãe.

Olhando agora, vejo que já fui um pouco de tudo isso... me fez sorrir...

Quando eu tinha 16 anos, conversando com minha amiga Ellen na escola, combinamos de ir a Londres. Aqueles papos de adolescente viajante, que sonha com um futuro perfeito, rico, de felicidade e harmonia e tudo estabelecido aos 30 anos. A gente achava que aos 30 a vida estaria pronta.
É claro que era papo absurdo, porque estávamos em um colégio estadual, tínhamos pais pobres e "fora do padrão" e não sabíamos se um dia daria pra fazer uma faculdade ou se teríamos um emprego decente que ao menos pagasse as contas.
E mesmo assim viajávamos, em nossas conversas psicodélicas, que um dia iríamos juntas a Londres. Londres. Londres!

1 comment:

Graziela M F Lima said...

Má, seu blog é lindo, é demais, seu pai tem razão. E vocês foram a Londres juntas! É bom recordar os pensamentos do passado não é mesmo?
Quando mais novas lançávamos nossos desejos aos vento coma certeza de que iríamos realizá-los, agora vamos ficando mais velhas e medrosas e achando que a vida é curta e que não vai dar tempo de fazer tudo o que temos vontade. Mas enfim, a vida é isso..sempre com gostinho de quero mais!
Bjs te amo!
Amei o post para o seu pappy! Que invejinha, queria ter o seu talento para escrita"