Friday, September 30, 2005

email da Ellen




Esse é o email que a Ellen me mandou. Fantástico.


Esses dias, ouvindo uma rádio portuguesa (o que é increible, porque
geralmente são muito ruins.) chegou o momento de falarem o horário. Diz a
locutora: "acabamos de entrar na segunda meia hora que nos vai levar a uma".
Era simplesmente doze e trinta. Eu fiquei atônita até chegar a primeira
metade de hora que me levou às très!!. Essa mesma rádio, e muitas outras,
espanholas também, tem o costume de pôr um som, às horas cheias (como se
fosse um cuco) com o barulhos de um despertador. Pode estar tocando...a
melhor música do mundo ..sei lá; The End, por exemplo. Eles pôe esses
barulhinhos em cima da música e diz uma voz bem grave, de autoridade e
importância: "Sao nove horas" (que em portugal se pronuncia: sáo nóvóras
(com o ultimo "s" de carioca brasileiro), isso tudo junto. Aí acaba a música
totalmente, claro né, na sequência imediata vem a locutora dona do programa e
diz: "são nove horas mais três minutinhos". Porque?????? Ñ se sabe. Tudo
bem. Aqueles barulhinhos servem pra alertar que chegou uma hora cheira, mas é
mentira!!! Porque na verdade são nove e três! E interrompem a música, e fica
aquele jinglezinho da rádio, pra depois de 10 segundos vir a dona do
programa e contradizer tudo????

Onde vamos parar? E se paramos em algum lugar chegamos atrasado desse jeito.


Mas tá bom também.

Thursday, September 22, 2005

verdades

Não sei mais o que me inspira. Com toda essa nova vida que tenho vivido, meus pensamentos andam totalmente críticos, analíticos, racionais, lógicos, planejados e mecanicistas. E eu que nem gosto de Descartes.
É. Estou mesmo falando de trabalho. Quem convive comigo diariamente vai pensar: “Lá vem a Marina com o único assunto que tem em mente há seis meses”
É. É isso mesmo.
Minha mente tem me consumido de uma maneira que nunca consumiu antes. Como se um bebê estivesse nascendo, e esse bebê sou eu. E tenho uma bagagem enorme de experiências mas, ainda assim, vejo tudo ao meu redor com olhos surpresos de quem vê o oceano pela primeira vez.
É que tudo é muito novo, tudo novo e essa é a primeira quinta-feira em seis meses que não tenho que dormir cedo pra acordar às cinco da manhã. Então me sentei pra tentar resgatar aquela energia, aquele olhar intenso que busca um pouco de inspiração pra escrever. Mas já que sempre escrevo de mim, não posso deixar passar um momento tão interessante da minha vida.
Eu cresço. Eu aprendo. Sempre despertei primeiro teoricamente e, por muito tempo, ficava me observando a partir de tais aprendizados teóricos, sem conseguir colocá-los em prática. E sempre me achei ridícula por isso. Porque sabia e não praticava. Nada.
Meus impulsos ainda me venciam e minha mente me julgava com olhos maduros de quem não acredita no que vê.
Mas agora, como num passe de mágica, a prática brotou naturalmente e meus passos são mais calmos e tranqüilos, pensantes e analíticos, sem o menor esforço. Sem intenção ou programação. Simplesmente aquela teoria toda se tornou verdade em meus braços, boca, ouvidos e coração.
Não sei se foi meu novo emprego, que de tanto consumir meu lado racional, acabou me transformando ou se, antes disso, minha maturidade me aproximou desse novo ambiente e realidade e apenas fez com que algo que naturalmente aconteceria, acabasse por fim acontecendo.
De qualquer forma, me sinto diferente. E, como não poderia deixar de acontecer a um ser tão pensante como eu, tenho inúmeros novos questionamentos.
Digo pensante não no sentido florido de ser, mas com um sentido de quem se questiona, se permite ter dúvidas de si mesmo. Sempre tive várias. Eu me duvido. E não num sentido negativo de ser, mas com um sentido Socrático de quem sabe que realmente não sabe nada.
Um outro ponto interessante desta estória é que, agora, sou contestada. Contestada diariamente. Por uma pessoa que admiro.
Isso faz com que eu me confunda muito mais e jogue no lixo verdades antes tão absolutas. Percebo agora que eu, que nunca acreditei em verdades absolutas para o mundo, construía pseudo-verdades absolutas para meu mundo particular. Máscaras. Eu que sempre as critiquei tanto.
É bom encontrar pessoas inteligentes e assertivas pelo caminho.
Eu quero, de verdade, ser uma excelente profissional. Quero ter idéias boas, inovadoras, quero conseguir enxergar as pessoas como extensões de meus pensamentos e força motriz. Quero poder duvidar mais de mim mesma do que dos outros.
Eu mudei. Isso é um fato. Mas como sou um ser mutante, isso não é nenhuma novidade.
Falando em mutante, a última vez que fui ao cinema assisti Sin City.
O único comentário que tenho, já que não sou nenhuma crítica de cinema, é que me identifiquei com a negona guerreira. Gostei do enredo, do peso, até da violência que me causou risos sinceros e relaxantes. Saí antes do filme acabar, então aproveito a oportunidade pra pedir desculpas ao Michael Rouke porque não sei se ele morreu.
Além disso, nesses últimos seis meses, não comprei nenhum CD. Mas gravei alguns. Já entrando na onda de “burning CDs” (sem apóstrofe, pelo amor de Deus).
Um que recomendo, com certeza, é o Unkle (que, aliás, é o que ouço enquanto escrevo). Como sou sinestésica, prefiro falar que “só ouvindo pra sentir”. Mas que é muito bom, isso é.
Tenho sentido falta de carinho, mas isso não me fere. Tenho sentido ansiedade, mas isso não me tira o sono.Tenho sentido saudades de estórias que inventei, mas isso não me aborrece além do esperado naqueles momentos de silêncio e escuridão. Espero a hora certa.
O que me tira o sono, agora, é o endomarketing, os documentos, as ligações, as reuniões, os planejamentos e a bagunça na sala do meu chefe que não sei como arrumar. Meu quarto é uma zona. Sou desorganizada, esquecida. Sou leve demais.
E acho que devo mudar o tema dos meus textos. Falar de mim já deu o que falar. E quando quis um único e pessoal retorno honesto, ele não apareceu. Voou por aí, subjetivo e incerto. Igualzinho a mim.
Termino este texto falando sobre Kant, porque o conceito dele tem feito parte dessa minha nova fase. Kant dizia que existem limites tanto pra razão quanto para a percepção, mas que ambas são complementares em si e necessárias para um saudável equilíbrio. Assim como as características do mundo externo só são apreendidas pela percepção (como tempo e espaço), a maneira de interagir com ele só pode ser definida pela razão. E é a razão que me fornece o único alimento que apenas o ser humano pode provar: o livre arbítrio.

Friday, February 04, 2005

tóca rólin stôneeesss!!!

sabe quando vc sai totalmente da sua rota? Quando os sentidos e os costumes falam mais alto e mais forte e te conduzem por caminhos tão prazerosos e ao mesmo tempo tão conhecidos?
É muito difícil romper padrões. As músicas são as mesmas, o copo é o mesmo e a energia é a mesma. Apesar dos rostos serem diferentes, o coletivo é o mesmo, idêntico a tantos outros já vistos anteriormente em inúmeras situações idênticas.
Mas não sei se é realmente difícil quebrar tais padrões ou se é uma questão de transformação da própria essência.
Será que é possível transformar a essência?
Essa busca que tenho vivido, ainda que em fase fetal, me pede mudanças e transformações de hábitos e tendências que ainda não me sinto preparada a incorporar como uma verdade minha.
Continuo noturna. Soturna. Musical. Lisérgica. Tempestuosa. Solta. Idiossincrática.

Wednesday, February 02, 2005

observações de um noite qualquer

Hoje, que não estou me sentindo nada bem, vou tentar escrever algumas coisas... talvez o físico cansado abra portas pra percepção. Se bem que já é sabido que corpo e mente andam juntos, sempre em busca de um equilíbrio saudável. Mas eu não sou tão saudável assim.
Fui numa festa de aniversário no domingo passado e vi cenas bem interessantes. Vi casais apaixonados se olhando com um olhar tão bonito e cúmplice que desejei o mesmo olhar pra mim, vi sorrisos de amizade, vi cansaço e amargura. Ouvi música que aproxima pessoas em afinidade e sintonia. Vi a música (é, eu vejo música) entrar nos ouvidos das pessoas e trazer à tona emoções contidas, guardadas ou até asfixiadas pelo contexto do real.
Fiquei pensando sobre o real e tentando buscar respostas menos óbvias, mas todas as minhas conclusões são óbvias e às vezes me espanto com minha frieza. Porque nada mais me assusta.
Meu olhar é de resignação.
Mesmo assim, meu sorriso continua belo e verdadeiro. A esperança ainda habita minha alma.
Pensei sobre o salto alto. As mulheres não vivem sem salto alto. Ele embeleza, deixa a mulher mais sexy. Mas, não raro, ele machuca o pé, faz bolha, faz mulheres menos experientes andarem como patas chocas. O salto pode quebrar. Ficamos vulneráveis.
Ou seja: violência e paixão.
Também tenho pensado muito sobre o ego. Das pessoas e meu.
Pra falar do meu ego, eu precisaria me descartar dele e olhar de fora? Ou ele pode ser um companheiro compreensivo e paciente que vai ouvir calado todas as minhas críticas? Será que é ele que tá me dando febre? Como resposta ao meu despertar e agora constante análise sobre a necessidade dele em minha vida... preciso dele, sim. Mas também sei que essa amizade pode não ser saudável.
Quero conseguir atingir aquele ponto onde pode-se viver na confusão mas, ao mesmo tempo, se manter distante dela com um olhar contemplativo à distância. Acredito que isso só seja possível quando se tem domínio sobre o ego. Quando o essencial deixa de ser a simples satisfação dos sentidos.
Em inúmeras ocasiões, lutei contra meu ego. Lutei e venci. Me despi da necessidade de ser admirada, respeitada e qualquer outra "ada" de que poderia necessitar pra me sentir bem. Pra mim foi vitória, mas como resposta tive o silêncio. Porque é difícil mesmo, conseguir perceber uma atitude nua e, ao mesmo tempo, se despir também, pra poder sentir a essência de um ato desses. Porque não basta receber. É preciso devolver o mesmo desprendimento.
Não que eu cobre essa postura das pessoas (porque a cobrança é meu ego batendo o pé como uma criança mimada "eu quero! eu quero!").
Não cobro nada, ou tento não cobrar. Como um exercício difícil de geometria analítica. Mas, assim como a geometria é pura análise racional, faço o possível para me manter atenta e tornar a tarefa simples, como a construção de uma frase.
Esse texto não tem conclusão porque ainda estou no jardim de infância da minha busca. Sou um cocozinho no mundo. Mas pretendo relatar minhas descobertas e conquistas. E os erros e enganos também.


Saturday, January 29, 2005

que merda é essa?

Bom, eu ainda tô fuçando em tudo, descobrindo todas as incríveis possibilidades e inúmeras vantagens de se ter um blog.
Eu li numa matéria, um dia, que o cara que inventou o blog ficou louco. Tinha uma foto dele. O cara é cabeludo, barbudo e um crânio. Cansou dessa vida mundana e se refugiou no meio do mato, sabe-se lá onde porque não quis deixar o endereço. Vai ver que, num surto de questionamentos existenciais, percebeu que é muito melhor falar consigo mesmo.
A maioria dos "crânios" tem problemas de cunho emocional e psicológico: não é preconceito, mas essa galera extremamente inteligente é muito esquisita mesmo: a esposa do Einstein tinha que colocar a comida dele no pé da porta. Ele abria rápido pra pegar a quentinha e se trancava de novo, ficando assim por semanas. Sozinho. Quieto. Pensando.
Enfim, estou tentando descobrir que porra o cara tinha na cabeça quando inventou isso. Tá, estamos na era da comunicação e tal. As pessoas se escondem por trás de telas de computador pra mascarar seus medos e inseguranças e tal. Esse blá blá blá que a gente (?) conhece.
Ali, aquela interrogação, é a pulga atrás da minha orelha.
A dúvida (na verdade tô é desconfiada): do fundo do meu coração, não acredito que alguém vá ler esse texto. Talvez meu amigo Vini, o responsável por essa minha nova empreitada. O incitador. O cara!
Por que que eu escrevi " a gente" e não simplesmente "eu" ?
Parece mesmo que tô escrevendo pros outros. Dá uma sensação de coisa pública. (contextualmente é óbvio, mas estou falando de sensações).
Ninguém é dono de nada e agora não sou dona nem dos meus pensamentos.
Mas ainda acho que ninguém vai ler. Acho que vai ser um diário daqueles que eu tinha com cadeado e nem tinha segredo nenhum, mas vivia trancado. E a chave escondida. E eu entrava em pânico quando meu irmão pegava. Eu ficava pensando e pensando, tentando inventar algum segredo pra poder esconder no meu diário. Eu não tinha nenhum.
Mas enfim, como o cara do blog ficou (mais) louco de tanto pensar nisso e chegou à fantástica conclusão de que é melhor falar pra dentro, pego carona nessa idéia e falo aqui, pra mim.

querido diário...