Tuesday, March 28, 2006

Pesadelo




Mas eu não queria ver aquele filme, nem ver novela... então apaguei a luz às 21h30, quando meus olhos não reconheciam mais a sequência das palavras do livro que deviam estar fazendo sentido mas que, para mim, não diziam mais nada.

Meus olhos, pesados, pediam para ser virados do avesso pra poderem olhar, ou ler, as estórias que meu cérebro guarda no universo dos meus sonhos.

Então resolvi dormir.





Mas meu sono das 21h30 não foi pesado o suficiente para me poupar de um impiedoso despertar, às 22h, ao som do KLB.
Eles invadiram minha casa.
Quem manda ser carente e ficar aguardando visitas?
Eles chegaram. Eles e suas musiquinhas.
Eles invadiram minha casa!!
Por estarem em depreciação no mercado musical e, consequentemente, cobrarem um cachê mais baratinho, o querido prefeito os contratou para um show em comemoração ao aniversário da minha cidade.
Pão e circo!! Eba!!
Neste caso, apenas circo, porque o pão deve ser comprado em uma das barraquinhas da festa.
Tudo bem. Respiro fundo. Tá tudo bem, Marina. Se concentra.
Comecei a pensar no que poderia fazer pra evitar um colapso nervoso.
Depois de 40 minutos rolando na cama, pensando se incomodaria Deus com uma súplica desesperada ou se batia a cabeça na parede, resolvi me levantar.
Peguei uma taça de vinho, acendi um cigarro.
Fiquei pensando sobre o sorriso. Esse sorriso que mantemos no rosto.Um sorriso social, inexpressivo, que fica lá, jocoso, pra causar boa impressão ou, em casos mais graves, pra evitar que palavras infames saiam de uma boca que responde a uma alma verdadeira.
Ultimamente tenho lançado vários destes sorrisos. Tenho preferido a complacência. Palavras simples, gestos simples.
Meu cérebro tendo convulsões, meus pensamentos num turbilhão de idéias ainda desconexas e meu coração tentando decifrar emoções novas, tentando encontrar as respostas que possam preencher o vazio que tenho sentido.
Vazio necessário.
Por isso mantenho também vazio o sorriso.
Devo manter a energia presa em meu corpo, me alimentando.
Pois algo está se transformando em mim e quero poupar e respeitar meu momento fetal.

E agora que acabou o show do KLB posso dormir novamente e voltar ao mundo dos meus sonhos e alimentar minha alma de pensamentos etéreos.
Obrigada, meu Deus!!


Wednesday, March 22, 2006

Out


Tenho sentido meu cérebro oco.
Esse é o problema.
Estou me sentindo uma personagem do livro Admirável Mundo Novo. Um ser artificial, mecânico, plástico e sem individualidade.
Tá tudo superficial demais.
Não tem vento forte batendo no rosto.
Preciso de uma cachoeira.

Friday, March 17, 2006

Obra de arte

Ivete:Meninas... Eu tenho uma sugestão:Aqui temos uma Loira, uma morena, e uma quase ruiva que não se decide na cor do cabelo... Vocês deveriam fazer uma pose "Angel's Charlie" e tirar uma foto. Ficaria fabulosa!!!

Marina: Enquanto não podemos reunir as três pra tirar a famosa foto poderosa, coloquei outra, não menos significativa, representando uma outra vertente de nossa tão complexa personalidade. Afinal de contas, também somos moças direitas, de família... e como diz a pantera bunda branca: Somos pra casar!!!

Ivete: Nossa!!!! Que poder eu tenho!!! To me sentindo o próprio deus... Seja feita minha vontade.... Quero um homem que nem a Marina, que faça todas as minhas vontades...A foto está ótima!!! Perfeita como uma luva...Olha que linda!!! 3 anjinhas!!! TUDIBOM, igulazinha nossas amigas legais!!

Denise: biutifu!! bem legal essa foto!! só faltou nossas carinhas!!! hehehe!

Marina: hhuummmm óotima idéiaa!!!


Friday, March 10, 2006

Monday, March 06, 2006

Oscar e pilhas

And the Oscar goes to...

Na TV, jornais do mundo, revistas, internet. Oscar pra todo lado. Fiz umas pesquisas e o que mais encontrei foram fotos do George Clooney, lindo, em roupa de gala. Lindo mesmo.
Fiquei imaginando a quantidade de mulheres que, nesta noite, usaram seus amiguinhos pra dar uma fantasiada... hoje, provavelmente, vai ter récorde mundial de venda de pilhas.


Por isso me inspirei e resolvi fazer uma homenagem especial pra quem eu considero lindo de verdade... em todos os sentidos. Nada melhor pra uma segunda-feira chuvosa.

http://www.janesaddiction.com/janesaddiction.html





What makes a kettle whistle?
What makes gold precious?
How come some people, they'll show you everything?
How come some people, they don't like nothing at all?
Well I know why...
We all want to be
Beautiful too...
Beautiful too...
What makes a baby cry?
What makes a poor baby older than a rich one?
And why do we need to belong to someone else...
Well I know why...
We all want to be...
Beautiful too...
Beautiful too...

Thursday, March 02, 2006

Tempo




Pronto, vamos lá.
Novamente estou aqui, depois de tanto tempo, tantas coisas que aconteceram por aí afora e por aqui dentro também.
Pra começo de conversa, me mudei de casa. Conseqüência de outro fato extraordinário que se passou comigo: concluí a faculdade. Até semana passada era formanda mas, depois de algumas horas vestida de beca, morrendo de calor, fazendo discurso (sim, fui a oradora da turma) e poses para os fotógrafos, me tornei uma formada. Uma profissional do marketing ou marketeira, como alguns preferem. Eu não. Não que isso tenha revolucionado minha vida profissional, que eu tenha recebido um aumento de salário, novo emprego ou férias em algum lugar afrodisíaco, mas o fato de deitar a cabeça no travesseiro e pensar: Eu consegui! Eu agüentei! Eu fui paciente e investi numa estória de conclusão em longo prazo, realmente me fez bem. Já comecei tantas coisas, já tentei tantas possibilidades pra esse serzinho que habita em mim que até perdi a conta. Raríssimas vezes consegui concluir alguma delas. Talvez preguiça, ou simples perda de tesão. Porque eu perco o tesão nas coisas mesmo.
Mas dessa vez foi diferente, segui em frente, agüentei professor chato, português errado e pão de queijo todo dia na cantina. Agüentei ponto de ônibus na chuva (com trânsito, é claro), agüentei mensalidades, banheiro sujo e poucas horas de sono. Tudo isso, na verdade, foi abstraído por mim. Eu cantava lá lá lá quando algum desses fatos rolava porque o saldo era positivo. Como um casamento: tem lá suas chatices mas, enquanto dá vontade de sorrir, vamos em frente. É uma delícia viver estórias.
O saldo era positivo porque fiz amizades, vivi um romance (que durou menos do que o curso, mas teve seu valor), tive professores ótimos, matei aula de sexta-feira, essas coisas. Uma fase que não volta mais, definitivamente. Eu, que me sinto com 17 anos, não poderia ter passado minha pseudo adolescência de forma melhor. Foi ótimo.
E acabou. E com ela acabou o sentido de morar em Guarulhos, simples assim. E por isso, voltando ao primeiro assunto desse texto, me mudei.
Poderia vir com aquele papo de que sou andarilha, nômade, inconstante... mas a verdade é que sou prática. Chega de enfeitar o bolo. Trabalho em Mairiporã e me mudei pra Mairiporã. Faz sentido, né? Prezo por algumas horas a mais de sono.
E aqui tenho amigos, tem montanhas verdes, tem ar puro e família. Aqui tem silêncio também.
Aluguei uma casinha caindo aos pedaços. Lixei, pintei, limpei, fiquei com dor nas costas, mas valeu a pena. Agora ela parece uma casinha de campo, com paredes brancas e batentes e portas azuis. Ganhei de presente a Harolda de Tróia, uma gata que anda na diagonal. Que não tenho coragem de deixar na lavanderia e, por isso, dorme comigo e toma conta da cama toda. E fico encolhida no cantinho, torta e sem dormir, só pra não acorda-la. Ela é um bebê, está em fase de crescimento, precisa de amor e carinho... compreensível.
Na primeira semana fiz festinhas de inauguração. Na segunda semana convidei amigos pra jantar e a casa ficou uma zona. Agora, na terceira, tudo está brilhando, arrumadinho... chego em casa e?
Olho para as paredes. Perambulo sem saber o que fazer.
Cheguei ao absurdo de pensar que preciso de uma tv. Pra ver a que ponto chega o deslocamento de não se saber mais como é que se faz pra ficar consigo mesmo.
Faz tempo, muito tempo, que não tenho esse tempo.
Agora penso no tempo.
Antes era aquela correria, chegava em casa às 23h, acordava às 5h e hoje percebo que todas as vezes que me olhei no espelho pra arrumar meu cabelo, com pressa, não me enxergava de verdade.
Agora tenho tempo pra me enxergar. Tenho tempo pra pensar o que vou fazer com esse tempo livre. Por isso sentei pra escrever (desisti da idéia da tv, graças a Deus) e me lembrei de quanto tempo faz que não escrevo. Há quanto tempo não tinha tempo pra escrever? Agora o tempo é algo novo, um leque de novas possibilidades. Agora tenho que pensar em mim e o que vou fazer por mim enquanto não estiver no trabalho. Não vou pensar em trabalho.
Me bateu solidão também. Mandei mensagens para as amigas, telefonei. Mas não posso gastar tanto com celular e, na verdade, não posso ficar assim gastando meu tempo fugindo de mim. Não é pra isso que ele está em casa agora. O tempo habita minha casa. Ele paira pelos cômodos.
Ginástica? Fazer um jantar pra mim?
Tentei fazer caminhada e quando abri a porta, estava chovendo.
Lavei alface e comi a feijoada que minha amiga trouxe numa marmita. Só tive que esquentar no microondas: 50 segundos.
Brinquei com a Tróia, coloquei cds nos 3 compartimentos do meu som e eis que, Fiat Lux!, lembrei que escrevo, que tenho cerveja na geladeira e cigarros no maço!
E cá estou. Brincando novamente com o tempo, fazendo dele meu companheiro de noites chuvosas.
Tomara que esses tempos durem bastante pois há que se aprender muito com o tempo. Esse cara é realmente um mistério mas, pelo visto, vou deixar de ser um mistério pra mim, já que vou ter tempo suficiente pra me olhar direito no espelho.


30/01/06 21:25

Wednesday, March 01, 2006

How I feel today





That's why I love Dalí

Luzes




Parágrafos soltos - estudo para trabalho site
Luz

Criação. Ao enxergar o mundo pela primeira vez, o novo ser se encontra com um feixe de luz: prenúncio da co-dependência que existirá entre eles por toda a vida. Uma ligação tão
íntima que, por vezes, se torna imperceptível, tamanha sua sutileza.
A luz branca, com sua frieza e intensidade, causa o primeiro medo em uma nova vida. Choro. Lágrimas.
Mas a luz refletida nas gotas de lágrimas que correm no pequeno rosto se transforma em conforto e afago. Calor.
Dualidade infinita.
Fria, quente, de múltiplas cores, a luz banha os seres com sua força e constância. Peça fundamental para a sobrevivência de uma espécie que não mais enxerga sua própria escuridão, que não mais reconhece suas sombras.
Mas também a luz depende do ser. À mercê de seus comandos, de seus chamados contra a escuridão, ela se mantém disponível, passiva, sempre aguardando ao primeiro sinal de necessário auxílio.
Terá ela o mesmo brilho, a mesma vida dentro dos fios que a conduzem?
Asfixiada por seus fios, como uma explosão de energia, um nascimento, ela brota de suas raízes e se expande em luminosidade não linear, no entanto constante. Liberdade. Desconhece suas razões e limites, apenas se liberta, tentando alcançar o máximo de espaço possível, como uma expiração forte e profunda. Um alívio.
Pelas ruas, vendo o movimento das pessoas, ela guia seus passos. Protege. Sinais de pista que comandam decisões. Comporta-se como uma guardiã de segredos dos seres humanos, pois os segredos não habitam a luz. Pensamentos são noturnos, escuros. A luz, em si, mantém a todos acordados, lúcidos e seguros. A luz é uma máscara para o medo.
Por todos os lugares onde passo, eu vejo a luz. Presença constante. Mesmo nos momentos mais sombrios ela está presente, com sua luminosidade abafada, vermelha, quente, densa.
Poderia-se dizer que é coadjuvante, apenas uma ferramenta facilitadora para movimentos e visões. Mas, na verdade, é ela quem comanda sensações e desejos. Suas nuances trazem à tona diferentes anseios e instintos.
Fomos dominados pelo desejo e de tê-la envolta em nossos corpos, como o desejo de um eterno abraço acolhedor.


Existem as luzes presas.
As luzes solitárias que são mais fortes.
As luzes sujas, presas com mosquitos no vidro.
Luzes em conjunto formando uma musicalidade.
Uma luz vermelha que chama toda a atenção só para ela.

Eu preciso de um namorado. To com muito tesão contido.


Existem as luzes presas. Uma aceitação denunciada pelas marcas que ficam nas paredes ou chão, cicatrizes que evidenciam sua limitação, sua tristeza. Surgindo com toda a intensidade que sua natureza proporciona, de repente ela se vê bloqueada por sua própria passividade, por sua necessidade de ser conduzida por mãos humanas. Seu grito não é ouvido. Sua dependência explícita. Na tentativa de se libertar, de mostrar sua real natureza, ela se utiliza da própria estrutura bloqueadora, e com ela desenha figuras geométricas. Utiliza tais elementos para chamar atenção ao seu grito de liberdade.