Thursday, November 30, 2006

um sonho

essa noite tive um sonho...
e a força do olhar, e a alegria de cada gesto...
nós sorríamos e sorríamos...
inundados pela simples alegria de estarmos juntos...

fazia tempo que não lembrava tão vivamente de um sonho...

como quando se acorda e ainda se tem nas veias e no coração aquele momento.

era tanta alegria... alegria compartilhada...

sorríamos e nos beijávamos, andando pelas ruas... corpos unidos como se deles fluísse a energia da vida. vida de um para o outro.

acordei ainda inundada... ainda sentindo aquele olhar tão profundo e tão carregado de sentimento...

hoje, levo essa alegria comigo...

apesar da certeza de que foi apenas um sonho... que se sonha só...

Thursday, November 23, 2006

Cada vez mais

Esses dias, quando recebi emails de amigos perguntando como estou, o que tenho feito, como vai a vida, tive sempre o mesmo impulso de resposta mal educado e seco (que não é necessariamente impulsiva, pois a resposta é elaborada em pensamentos e análises e conclusões bem fundamentados).
“Tenho vivido a reclusão em companhia de um bom vinho e meus sons, porque é o que há de melhor a se fazer nesse mundo de idiotas”.
Como esse tema tem povoado meu pensamento, resolvi dar uma elaborada no raciocínio.
Não que eu tenha dúvidas de que o mundo está, realmente, povoado de idiotas, mas porque sou flexível e adaptável e me proponho analisar se o erro é meu, do mundo ou de nenhum dos dois.
Pode ser, por exemplo, um equívoco.
Posso estar sendo injusta, má, anti-social. Uma bruxa, enfim.
E se sou realmente uma bruxa, quero ter certeza que o sou com argumento e fundamentação.
No entanto, de repente, posso concluir que não sou bruxa nenhuma.

Eu me irrito.
Veja bem, não estou constantemente irritada, não xingo ninguém, não mando ninguém à merda e tal. Tive educação britânica e, mesmo que o desejo seja enorme, não consigo mandar ninguém tomar no cú.
“Ah! Me deixa! Vai tomar no cú!”
Adoraria, com todas as minhas forças, fazer isso um dia.
“Cara, não to a fim de falar, nem de te escutar, nem de sorrir pra você. Então vai pra lá que eu vou pra cá e ficamos bem”.
Me sinto uma cobaia do “Laranja Mecânica”, pois quando penso em falar essas coisas parece que vou cair, rolar no chão e me debater em sofrimento profundo.
Tá, não consigo e pronto. Parabéns papai e mamãe que me educaram direitinho. Sou um doce de menina.
Deixemos claro: isto não é uma prece de revoltada. Nem uma ode à eterna adolescência inconseqüente.
Pelo contrário. Quando eu era mais nova, queria agradar e convencer o mundo de que eu era legal e interessante e “in” e descolada e super gente fina.
E acho que eu era tudo isso mesmo. Talvez até continue sendo.
Só que eu canso.
To com preguiça.
E então, sutilmente (já que não fui educada pra ser explícita) largo minhas tiradinhas pelo mundo. Entendam o que quiserem, compreendam se conseguirem. Mas deixo meus recados de indignação.
Porque as pessoas estão idiotas,sim, meu Deus!
Primeira conclusão: sou uma bruxa inteligente porque sei xingar nas entrelinhas. Sei vomitar sorrindo.
Ponto pra mim.
E cada vez me certifico mais de que um bom vinho, meus sons e minha casa são bem melhores do que qualquer companhia previsível, qualquer baladinha fútil ou porre sem sentido.
É triste, bem sei. A solidão me incomoda.
Mas já tenho subterfúgios pra isso também.
Coloco um blues que me suba pelas veias, que me aqueça o sangue, que me eleve o espírito. Meus pêlos se arrepiam e um sorriso de prazer vaza, involuntário, por meus lábios. E então danço nua, sozinha, sorrindo pela casa. Taça de vinho na mão, luz baixa, som alto. Desejo, movimento, ritmo, curvas. Me abasteço com meus prazeres. Vou me curtindo, me estudando e me fortalecendo em mim mesmo.
“Pra se ter firmeza de vontade moral é necessária certa força física”, diz meu atual companheiro Henri Charrière.
E não estou disposta a abrir meu mundo pra qualquer idiota. Nem em carne, nem em mente.
(e há quem saiba que existem espaço e disposição de sobra para doçura em mim)
(e há aqueles, sem dúvida, que me fariam abandonar minha reclusão em segundos, pelo simples prazer da companhia ou apenas meia dúzia de palavras reticentes... você sabe, você sabe...)
O fato é que minhas noites, o que tenho de Meu depois de um dia cheio de contatos e relações profissionais, são felizes e divertidas. Seja fazendo um jantar bem feito, dançando, lendo, ouvindo música ou, simplesmente, não fazendo nada. Dormir é uma delícia.
Estou de bem com o mundo e as pessoas dele. Sem mágoas, traumas ou desilusões. Apenas vejo-o puramente como é. Não o mascaro, não me deslumbro.
E fico, cada vez mais, de bem comigo.


Monday, November 20, 2006

Saiba quanto já pagamos em 2007. Clique aqui!

Achocolatado - 37,84%
Açúcar - 40,4%
Água mineral - 45,11%
Água - 29,83%
Água sanitária - 37,84%
Álcool - 43,28%
Aparelho de barbear - 41,98%
Aparelho de som - 38,00%
Armário de madeira - 30,57%
Arroz - 18%
Automóvel - 43,63%
Batedeira - 43,64%
Bicicleta - 34,50%
Biscoito - 38,5%
Brinquedos - 41,98%
Cachaça - 83,07%
Cadeira de madeira - 30,57%
Café - 36,52%
Cama de madeira - 30,57%
Caneta - 48,69%
Carne bovina - 18,63%
CD - 47,25% (depois reclamam dos piratas!)
Cerveja - 56%
Chocolate em barra - 32%
Cigarro - 81,68%
Cobertor - 37,42%
Computador - 38,00%
Condicionador de cabelo - 47,01%
Copos - 45,60%
Desinfetante - 37,84%
Desodorante - 47,25%
Detergente - 40,50%
DVD - 51,59%
Energia elétrica - 45,81%
Ervilha - 35,86%
Esponja de aço - 44,35%
Farinha de Trigo - 34,47%
Feijão - 18%
Ferro de Passar - 44,35%
Fertilizantes - 27,07%
Fogão - 39,50%
Frango - 17,91%
Frutas - 22,98%
Garrafa térmica - 43,16%
Gasolina - 57,03%
Lápis - 36,19%
Leite - 33,63%
Lençol - 37,51%
Liquidificador - 43,64%
Livros - 13,18% (nos países civilizados o imposto é ZERO)
Macarrão - 35,20%
Margarina - 37,18%
Mensalidade Escolar - 37,68%
Mesa de madeira - 30,57%
Microondas - 56,99%
Milho verde - 37,37%
Molho de tomate - 36,66%
Motocicleta acima de 125 cc - 49,78%
Motocicleta de até 125 cc - 44,40%
Móveis - 37,56%
Óleo de soja - 37,18%
Ônibus interestadual - 16,65%
Ônibus metropolitano - 22,98%
Ovos - 21,79%
Panelas - 44,47%
Papel Higiênico - 40,50% (ATÉ PRA CAGAR!!)
Papel sulfite - 38,97%
Passagens aéreas - 8,65%
Pasta de Dente - 42,00%
Peixe - 18,02%
Pratos - 44,76%
Refresco em pó - 38,32%
Refrigerador - 47,06%
Refrigerante - 47%
Remédios - 36% (porque passagem aérea cobra só 8,65%??)
Roupas - 37,84%
Sabão em barra - 40,50%
Sabão em pó - 42,27%
Sabonete - 42%
Sal - 29,48%
Sapatos - 37,37%
Saponáceo - 40,50%
Shampoo - 52,35%
Sofá de madeira/plástico - 34,50%
Suco concentrado - 37,84%
Talheres - 42,70%
Tapete - 34,50%
Telefone - 47,87%
Telefone Celular - 41,00%
Telha - 34,47%
Tijolo - 34,23%
Tinta - 45,77%
Toalhas de mesa e banho - 36,33%
Transporte Aéreo de Cargas - 8,65%
Travesseiro - 36%
Vassoura - 26,25%
Ventilador - 43,16%
Vídeo-cassete - 52,06%

(mas o que aconteceu na novela ontem, mesmo?)

Tuesday, November 07, 2006

Ode à dentadura

Sei lá o que sou. Vai saber. Vou saber um dia. No dia em que eu souber, provavelmente contarei ao mundo, gritando, cheia de orgulho. Não que o mundo precisará saber, mas vou querer me convencer e é possível que eu esteja com uns 70 anos e meus ouvidos não estejam colaborando com meu cérebro com tanta eficiência.

Sei lá o que quero. Vai saber. Talvez saiba um dia. E nesse dia vou ficar bem quietinha porque é possível que eu esteja com uns 80 anos e perceba que o que eu queria era fácil demais pra se conseguir e que perdi muito tempo pensando que, além de não saber o que queria, acreditava que seria difícil demais conseguir, quando soubesse.

Sei lá do meu destino. Vai saber. Quero saber um dia. Quando estiver com 90 anos e vir que meu destino foi o que fiz de mim todos os dias, todas as horas, em cada oportunidade que surgiu em meu mundo. Nessa hora vou olhar pra trás. Quero poder sorrir.

Sei lá porque tenho tanta paranóia. Paranóia de tudo. Vai saber. Devo saber um dia. Espero que nesse dia eu me sinta a mais ridícula de todos os seres da Terra por perceber que eram simples paranóias. Mas espero que haja tempo para viver a vida sem elas. E pare de querer agradar a todos. E balance os ombros. E saia rindo. Rindo, mostrando a dentadura pro mundo.

E que um dia não me sinta a mais ridícula de todos os seres da Terra. Por finalmente saber quem sou, o que quero, saber o que fiz do meu destino, sem paranóias. Nesse dia, vou me abraçar e me beijar. E me achar o ser mais lindo de todos os seres da Terra.


E hoje não sou menos feliz por isso.