Saturday, May 09, 2009

A janela


Vem cá.
Chega mais perto
Sente essa cidade.
Eu caminho e não consigo deixar de sorrir.
Ouve a música
Que é mais calma. Mais lenta do que os passos daqueles que por mim passam.
Eles não me vêem.
Não vêem meus anseios e minha alegria
Alegria em vê-los. Vê-los a distancia.
Eu compreendo, vendo-os pela janela.
Olho pela janela. Aquela que me permite sentir a brisa e o cheiro do asfalto.
Me permite inalar o cheiro de urina e suor. Veneno de gente
Que caminha inquieta a procura de si, a procura de algo, qualquer coisa
Que alimente o espírito, que aquiete a alma. Que aqueça o coração.
Pela janela eu olho e sorrio. Admiro o mundo que pra mim se apresenta
Rápido, sujo. Inquieto. Barulho e luzes.
E eu da janela, lenta. Com música lenta que me faz ver tudo diferente.
Que me faz entender que aqui estou, plena, para observar
Sou uma espectadora.
E esse olhar distante, e no entanto intenso e presente, me faz compreender
Compreender que tudo é rio, tudo é água
Tudo é fluido sob meus pés.
Passa.
Amanhã serão outros e a janela será a mesma
E a brisa será a mesma
Alimentando e fazendo sorrir meu espírito
Desejoso por alguém que pare, por um instante, e olhe para dentro
E me enxergue
E sorria pra mim.



02/05/2009 01h22