Wednesday, March 27, 2013

Volta, Marina!

Eu, que me interessava por tanta coisa.
Hoje, depois de quase 2 anos, peguei uma taça de vinho, coloquei uma música pra alma e sentei aqui, no meu blog, pra me lembrar de mim.
Eu tinha esquecido mesmo, faz um tempo. Esqueci de tudo.
E deu saudade.
Saudade de mim.
Porque eu gostava dos meus devaneios, dos meus pensamentos. E de como eles viravam textos.
Daí que preciso de tempo pra lembrar de tudo isso que estou vendo e, entre uma leitura e outra, meu bebê chora, quer peito.
Eu alimento um ser humano de leite e amor.
A alma dele respira com o calor do meu seio. Ela suspira, eu sinto. Eu vejo.
E meu leite, sagrado, inunda seu ventre, seu sangue, que sou eu também.
Nós vivemos um para o outro e, aos poucos, ele vai encontrando o mundo.
Esse que abandonei e que agora sinto falta. E a onda vem se aproximando, na mesma medida em que mostra a este novo ser todas as belezas e mágicas que existem nos cantos do mundo.
Esse novo ser sou eu? É ele? Somos nós!
Envoltos em uma névoa de amor e excitação pelo que está por vir, pelo que há pela frente.
Começo a me sentir, a me lembrar.
Meu corpo ainda está adormecido. É fêmea, é seios. É ventre.
O fato é que a boemia me agrada, o vinho, a música, a noite. A lua.
Preciso tirar esse monte de obscenidades racionais do meu caminho, limpar o espírito dos horários, das tarefas, das responsabilidades, da louça, comida, roupa.
Gritar!
Preciso gritar meu nome pra trazer de volta aquela, aquela que eu quero que faça parte da minha vida comigo.
Aquela de todos os textos, todos os medos, todos os sentidos, todas as ruas sujas percorridas numa noite qualquer.
A maternidade! Ah, a maternidade! Rompe, quebra, acaba com tudo o que se acreditava, o que se queria, o que se projetava.
A maternidade mostra que quem está no comando, querida, é a natureza. São esses hormônios que escorrem pelas suas pernas, essa intuição que você tanto desacredita.
Na maternidade se perde. Se chora.
Pra quem presta atenção, a maternidade é um nascimento (de si).
Primeiro a ansiedade, o medo e o prazer. Depois a dor, o desconhecido, a solidão.
A solidão.
Que ato mais solitário é a maternidade!
Justamente para que a mulher possa entender que, de fato, nada substitui sua natureza, suas garras, sua intuição, sua força. Sua coragem.
É preciso coragem pra virar mulher.
Eu, que sempre me achei mulher forte (coitada!), agora vomito essas palavras entre uma tentativa e outra de escorrer pelas pernas da vida e... nascer!
Minha hora está chegando.