Tuesday, November 08, 2011

Pensando em quê?

trabalho. choro. saúde. depilação. amor. surpresas. exames. sucralose. coração. 5 dedos. casa. móveis. brinquedos. música. tempo. marido. parto. pele. yoga. trabalhos. dor. preguiça. licença. jantar. barriga. despertador. futuro. dieta. band-aid do superman. fraldas. livros. mudanças. aulas. cocô. glicose. casas bahia. teta de índia. sono. distância. academia. alegria. fotos. cerveja. atenção. ultrassom. cérebro. sobremesa. gestos. emprego. sangue. semanas. kilos. sexo. louça. conselhos. carinho. pediatra. planilhas. expectativas. sobriedade. entrega. manicure. diabetes. projeções. construção. guarda-roupa. angústias. dinheiro. carro. verão. contas. polícia. carreira. solidão. pais. sódio. emails. hidroginástica. educação. sogra. prazos. bunda. reuniões. clientes. varizes. conhecimento. amigos. gestação. ausências. convites. planos. médicos. paciência. controle. imagens. pintura. eventos. cremes. roupas. dependência. estratégias. estrias. berço. leite. palavras. supermercado. cesária. faxina. marketing. ideologias. convênio. filmes. namorado. incisão. coxas torneadas. arroz integral. avós. trânsito. agulha. provas. peso.
Onde está meu mundo.
Eu no mundo.
Talvez um pouco de blues no fim do dia...

Sunday, August 21, 2011

uma observação

Ela não sabia exatamente o que estava sentindo. Era um misto de alegria e tristeza e dúvida e descrença.
A única certeza que tinha era de que não sentia raiva. Nunca havia conseguido sentir raiva por aquele cara, mesmo com todo o esforço que ele havia feito, durante tantos anos, para ser detestado.
Talvez fosse ilusão sua. Ela, no fundo, sabia que ele nunca fizera nada de errado (e nem de certo) e que as idealizações e projeções e desejos eram nada além de seu imaginário poético e romântico que persistia em acompanhá-la ao longo de sua trajetória de amor.
Ela realmente acreditava que ninguém jamais a completaria se não fosse aquele cara. Exatamente aquele, cujo perfil não era nada condizente com as características que ela tanto prezava e julgava fundamentais para sua felicidade.
(Acontece que ele tinha, sim, o perfil perfeito. Mas usava uma máscara de monstro que lhe caía muito bem).
Ela chegou(entre tantos outros atos impensados)a escrever uma piegas carta de amor: coisa brega nos tempos de hoje. Nunca se arrependeu e se enche de orgulho ao lê-la, ainda guardada em seus arquivos secretos.
Ela jurou obediência à sua verdade e a seus sentimentos. Viveu suas histórias de amor como quem sabe que o tempo passa e não pode ser desperdiçado. Pessoas não podem ser desperdiçadas. O amor não pode ser desperdiçado.
Mas em seu íntimo, lamentava a falta daquela história que a transformaria na mulher mais feliz e completa deste planeta ou - e possivelmente a opção mais realista - a faria finalmente enxergar a realidade como ela é e desmistificar de vez aquele ídolo já em frangalhos.
Ela ouviu atenta àquelas palavras. Viu seu sorriso e sentiu seu abraço. Quis, como ao longo de todos aqueles anos, que o momento parasse. Que tudo fosse diferente, que o passado retornasse, que pudesse mudar todo o curso do destino...
Mas passou.
Essa angústia, antes constante, passou e deixou um sorriso em seu rosto.
Ela não mais desejava saber ou ouvir ou entender ou, até mesmo, criticar.
Sorriu, aliviada, por entender que aquela grande paixão será sempre sua grande paixão. E sempre será lembrada com tristeza.
E por que não aceitar o curso da vida, com suas tristezas e desencontros?
Simplesmente aceitar uma paixão não correspondida?
Já que sabe que um grande homem é aquele que se apresenta, que se posiciona.
Aquele que oferece seu amor, seu braço, sua mente.
Pensamentos em forma de planos.
Calor em forma de parceria e amizade.
Olhar em forma de desejo e conforto.
Assim é o homem de sua vida. Aquele que a encontrou um dia e não a deixou partir. Aquele que ela observou atentamente e para quem se permitiu.
Foi para ele que, naquele momento, ela estendeu sua mão e sorriu.

Sunday, July 24, 2011

Paracelso

"La suerte no existe y el destino depende de los propios actos y pensamientos.
Cuando el alma está fuerte y limpia, todo sale bien.
Jamás creerse solo, ni débil.
El único enemigo a quien se debe temer es a uno mismo.
El miedo y la desconfianza en el futuro son madres funestas de todos los fracasos, atraen las malas energías y con ellas el desastre”

Paracelso

Saturday, July 23, 2011

Meu tom

É bom sofrer. Que gente é essa que foge da dor?
Minha dor me lembra do tom da minha vida. Aquele que me acorda no vazio escuro da noite para me lembrar quem sou.
Minha escrita adormecida, abafada pela poluição desta cidade. Pelo mundo de placebo no qual mergulhei. Nele não há dor, já que não há vida (em seu sentido mais completo).
Há os dias e as noites e as refeições e as palavras e as promessas de que as coisas não serão assim pra sempre porque o futuro, ah, o futuro... ele tem muitos presentes guardados para mim.
E de repente, a dor me acorda. Percebo que perdi a prática da escrita porque nem lembro mais de mim. Antes era noite. Era música e vinho. Eram livros. Era a lua.
Percebo que aquele arco-íris não era meu e, na verdade, ele nem me faz falta. Não é nele que busco a luz de minhas ideias, o vigor para meus músculos e a vida para meu sangue.
Mas não quero perder o foco aqui.
O foco é a verdade que sempre busquei e que me veio com sutileza e cuidado, quase como um presente. Um presente de deus, dizendo: não se assuste e não recue, mas a verdade está aqui. Abri minhas mãos e a tomei para mim.
Tomei em minhas mãos com a mesma certeza com que juro não existir amor ou felicidade. Pelo menos não para mim.
Mas o que é, então, aquilo que tanto busco, que tanto acredito e prego ser possível? A verdade, os encontros, a justiça. Paz no coração.
Como se escolhe entre a verdade e a felicidade?
Qual é o tom da minha felicidade?

Sunday, June 12, 2011

The final end

Last night I dreamed about you.
You told me you always loved me.
You told me about things you remember from such a long time ago.
You remember me.
I asked you then, why we didn't happen.
You said: "I don't know" with that same charming smile I have always fallen for.
We kissed and said good bye.
Now it's forever.
Guess I'll always love you,
But somehow now I can be finally free.

It seems life really has its ways to solve unsolved cases.
I'm thankful for that.

Friday, February 11, 2011

Deserto

Estive no deserto.
Fechei meus olhos e senti o silencio mais profundo. Justamente porque fechei os olhos e não ouvi nada.
Entende?
Não ouvi nada, mas havia uma força tão grande me impulsionando para fora de mim, para o mundo cheio de cores e contrastes, de líquido vivo que brilhava ao meu redor.
É tudo tão vivo, que todos falam. As plantas, a montanha, a areia e o sal do chão. Cada um, a sua maneira, conta histórias de paz e saudade.
Comunhão e alegria com o que simplesmente tem que ser e vem chegando, dia após dia, com o vento.
Em passos lentos.
E tudo contado com o mesmo silêncio que arranca do meu peito esse sorriso que liberto agora, em feliz solidão, neste quarto de hotel.