Tuesday, May 05, 2015

Congelei

Congelei.
Congelei este instante em forma de oração e reverência.
Reverencio, neste exato instante, todo o significado do que vejo.
Porque, veja também: isto não é uma simples poça e um simples salto de criança.
Isto é toda uma existência.
O exato momento em que toda e qualquer ação ou palavra devem ser contidas:
“Cuidado, vai escorregar!”
“Assim você vai se sujar!”
“Eca! Que nojo dessa lama!”
(pensou algo assim, ao ver a imagem?)

Pausa.
Silencio e observação.
(talvez um sorriso no canto da boca)

O medo da vida começa quando somos, na infância, impedidos de tentar.
O medo de encarar os desafios da vida começa quando, na infância, somos impedidos de falhar.
O distanciamento da natureza começa quando, na infância, somos impedidos de mergulhar nas lamas e areias e águas e matos que nos cercam, tão convidativos, em atração ao nosso mais profundo ser: puro e natural.
Sim, ser humano cai. Se machuca. Erra.
Sim, ser humano pode se reerguer, retentar, refazer, recomeçar.

Basta que a ele seja dada, na infância, a oportunidade de se descobrir potente.
Basta que a ele seja concedido o silêncio.
Que o libera para conhecer seus limites.
Escolher seus caminhos.
Experimentar sua força.

Para não paralisar, adulto, diante de mágicos instantes como este e desviar, amedrontado, escolhendo caminho mais seguro.
Para não desistir, derrotado, das aventuras e desafios da vida.

O que acontece na infância, não fica na infância.

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