Tuesday, November 07, 2006

Ode à dentadura

Sei lá o que sou. Vai saber. Vou saber um dia. No dia em que eu souber, provavelmente contarei ao mundo, gritando, cheia de orgulho. Não que o mundo precisará saber, mas vou querer me convencer e é possível que eu esteja com uns 70 anos e meus ouvidos não estejam colaborando com meu cérebro com tanta eficiência.

Sei lá o que quero. Vai saber. Talvez saiba um dia. E nesse dia vou ficar bem quietinha porque é possível que eu esteja com uns 80 anos e perceba que o que eu queria era fácil demais pra se conseguir e que perdi muito tempo pensando que, além de não saber o que queria, acreditava que seria difícil demais conseguir, quando soubesse.

Sei lá do meu destino. Vai saber. Quero saber um dia. Quando estiver com 90 anos e vir que meu destino foi o que fiz de mim todos os dias, todas as horas, em cada oportunidade que surgiu em meu mundo. Nessa hora vou olhar pra trás. Quero poder sorrir.

Sei lá porque tenho tanta paranóia. Paranóia de tudo. Vai saber. Devo saber um dia. Espero que nesse dia eu me sinta a mais ridícula de todos os seres da Terra por perceber que eram simples paranóias. Mas espero que haja tempo para viver a vida sem elas. E pare de querer agradar a todos. E balance os ombros. E saia rindo. Rindo, mostrando a dentadura pro mundo.

E que um dia não me sinta a mais ridícula de todos os seres da Terra. Por finalmente saber quem sou, o que quero, saber o que fiz do meu destino, sem paranóias. Nesse dia, vou me abraçar e me beijar. E me achar o ser mais lindo de todos os seres da Terra.


E hoje não sou menos feliz por isso.

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