Sempre me questionei. Sinto-me, de fato, um sopro do universo. Um nada. (obviamente, um nada que, graças a Einstein, pode ser um todo, pleno e completo - mas justamente aí se encontra meu erro de análise).
A questão fundamental é: minha retórica, essas construções rebuscadas e palavras floridas... essa merda toda que falo sobre "verdade", "beleza", "arte" e "vida"... são palavras... nada mais do que palavras. Incoerentes e vazias.
Se não ações, se não vividas ao seu próprio custo até que saiam pelos poros, olhos e, bloqueadas pelo medo e pela suposta impossibilidade de opções, não transmutadas em uma Verdade Viva... as palavras são mentiras das mais cruéis, posto que hipócritas e carregadas de covardia e prepotência.
Covarde e prepotente.
É como me sinto hoje.
E só quem encontra uma Verdade Viva pela frente, sabe do que falo. E, se tiver um mínimo de decência, sente-se covarde e prepotente também.
Não faço questão que alguém me entenda.
Sábias as palavras de quem hoje me disse que os encontros não são casuais quando se está em busca da verdade. Talvez isto me conforte um pouco. Talvez seja uma indicação de que, ao menos, há um caminho. Uma tentativa. Uma idéia. Um desejo sincero. Que seja realmente parte de meu coração.
Mas esta constatação não diminui em nada a sensação de pequenez de espírito, fragilidade de valores, incoerência de idéias.
Minha alma não se esquiva (e nisso posso, finalmente, encontrar nela algum valor). Ela se permite assumir sua dor. Transborda em si mesma, ávida por novos horizontes. Ela sofre. E de sua vergonha brota uma gota de esperança.
Que eu viva minha vergonha, então!
Pois somente ela me faz acreditar. Crer que justamente por sentí-la, ainda tenho chances de não me tornar aquilo que jamais suportaria ser.
Que minha vergonha seja o princípio de minha real libertação.
2 comments:
Pra mim, o remédio pra toda essa melancolia, angústia, tristeza e tudo mais, se resume a uma só palavra: amor. Falta um grande amor vassalador que vire sua vida de pernas para o ar. Um amor que lhe roube a razão e que faça um arco-íris em seu humor.
E não é tão difícil encontrar esse tal amor; apenas abra bem os olhos e dê uma geral em sua volta. Ele estará ali, esperando que você o veja. Não o idealize, porém, pois essa idealização lhe tampará os olhos.
E continue a escrever e nos tocar com suas palavras, mesmo que sejam apenas palavras.
ilustre desconhecido,
obrigada por interagir comigo, através dos meus textos...
é uma pena não poder discutir sobre seu comentário, já que gosto de direcionar meus argumentos diretamente, pra olhos que eu conheça...
de qualquer forma, apesar de não concordar integralmente com sua opinião, suas palavras também me tocaram. e esse é o grande barato disso tudo.
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