Thursday, July 13, 2006

Essência





Essa essência que sempre a levou para as formas, para a pele, o branco da pele.
Suave e sutil. Como se a pele retratada pudesse tocar quem a olha, pudesse suar, delicadamente deslizar do papel e penetrar na essência do outro. Exprimir e explodir sua verdade, utilizando-se não apenas do olhar, mas de todos os sentidos de quem a observa.
Toque, cheiros, texturas e sabores.
Esse pode ser considerado um dos motivos de Alessandra Cestac. Sua fragilidade expressa em arte a partir da cor, do movimento e pulsação humanos.
Em Voltas, uma de suas experiências com o corpo, Alessandra se aproxima dos detalhes, marcas, extremidades que se fundem para dar forma e vida a um ser único, como um ritual de nascimento e eternidade. A certeza da vida que pulsa e que corre, quente, nas veias do mundo.
Surge, então, sua visão deste mundo que nos cerca. E a interação do corpo com o espaço revela que a fragilidade de uma pele nua torna-se brilhante, forte e livre. O frio e vazio do espaço coletivo, as luzes soltas e solitárias de ruas sem identidade se enchem de esperança com a força da forma, do gesto.
Se por vezes sentimos a inquietude e o incomodo da intensa exposição com tal espaço, como se esse todo opressor e cinza pudesse anular o sopro, Alessandra nos mostra que é possível seduzi-lo. E então o ambiente cede e transfere sua força para o brilho do olhar, a delicadeza da curva, a suavidade do toque.
O corpo, enfim, torna-se dono de si mesmo e do espaço que o cerca, certo de sua sutil e, no entanto, marcante e eterna presença.
E assim, Alessandra Cestac se mostra. Nua e inteira. Completa em essência, encontrando em si mesma suas respostas e expondo sua verdade.
E nesta rica e penetrante mensagem, toca com sua textura os expectadores de sua arte.


www.flickr.com/photos/alessandracestac

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